A arte de vestir as ideias com palavras, não com as roupas da moda, mas sim, com aquelas que lhe caem bem, é um exercício de precisão permanente da concretividade criativa; tão preciso como toda mulher é uma mãe e toda princesa é uma mulher.
Afinal, pra uma mulher ser mãe, não importa seu estado civil, sua idade ou o fato dela ter ou não parido, basta que ela olhe para uma criança para sentir-se como tal; esse é o requisito primeiro, que prescindi a todos os pré-requisitos padronizados pela cultura ocidental. Portanto, basta ser mulher para sentir-se mãe, similar a todo homem, para que ele seja pai. Ou seja, naturalmente é necessário sentir para ser, como comprovam há todos os instantes, os fatos do cotidiano, a revelar tantos que são sem nada ser.
A monocultura reinante. instituindo e impondo os seus pseudos conceitos e representações como verdade única, olvidando todas e quaisquer diferenças, quando desqualifica o diferente rotulando-o como sendo inferior, quando esse diferente é seu próprio espelho. Portanto, um incômodo a ser removido do caminho.
Deste modo, estou despindo aqui minhas palavras, para poder trajá-las com roupas descaradamente mais íntimas, para desfilar nas passarelas ágrafas da vida preta calada nos porões das desigualdades instituídas pela hipocrisia; modelito oficial do poder instituído.
Minhas Palavras nuas, vestidas somente de Ideias de igualdade, de fraternidade e de liberdade sumárias, adornadas por ideais descarados e sem vergonha de ser, são fatos sem volta, sem freio e sem trava, mesmo que fuzis tentem vociferar o contrário, calando momentaneamente uma voz aqui, enquanto progressivamente outra se levanta ali, nesse desfile sem vergonha de palavras abusadas e provocantes diante da infâmia que assola os corações e mentes carentes, dessa clientela consumidora de poder sem pudor, e sem poder: que pensam que são sem o ser.
Mesmos que tais ideias sejam cobertas por tarjas pretas e embaladas a seguir em sacos pretos, seu odor se fará sentir aos quatro cantos; onde houver olhos de ver e ouvidos que não olvidem; o cheiro da memória nas palavras vestidas de ideias e de ideais exalarão, como o vírus que produz o anticorpo, indecentemente contido desde a primeira letra maiúscula até o ponto final: Decifra-me ou te devoro...!!
Amo as mulheres de qualquer tipo, de qualquer raça, de qualquer cor; nem por todas sou amado.
Amo a saudade, amo os meus queridos.
Cléia a dos olhos verdes, Lourdes, a morena; a Lourdes branca; a Neusa; a Adailgisa; a Luíza da farmácia; a Carmem que fazia rendas; a Aninha, a Joaninha da torre...
Hoje amo outros nomes, a Margarida da casa, a Margarida da rua. amo a cachaça boa, o café quentinho... Odeio o opressor..!!
(Solano Trindade)
Rompendo o silêncio histórico do povo melaninoso, protagonizando o outro ponto de vista de uma outra história que se evita ser contada, afrocentrizando o olhar paradigmático sobre a representação cultural oficialmente formatada, patenteada e legítima como única.